domingo, 10 de outubro de 2010

A Balança

         O coração dos seres humanos é um bloco de aço frio e duro. Chega um momento em que a flecha do amor racha o aço e as suas pequenas chamas entram pelas ranhuras. Mas quando a flechada vem muito forte, o coração quebra, e as chamas do amor se tornam tão intensas que enche a essência fria dos seres  com tamanha força, que nos despedaça em prantos. Contudo, chamas dessa inensidade deixa um rasgo profundo em nosso peito, e o aço rachado não impede mais a passagem da verdadeira sabedoria e de uma essência que nos foi dada pelo amor de Deus. Quando amamos, temos uma alma, a forma de nossos sentimentos, que só pode nos preencher se não houver o aço que nós mesmos criamos para impedi-la.
         O aço quebrado, contudo, continua como estilhaços em nosso ser, que constantemente tendem a nos sabotar, a nos ferir e a nos infligir dor. O aço, assim como a alma, também está presente em nosso ser, do outro lado de nossos sentimentos livres, na escuridão do nosso invés. O ódio, os ciúmes, a inveja, após nos acostumar mos com a chama do amor se volta contra nós e tenta sufocar a nossa alma. Mas para todos os seres humanos, mesmo os mais desalmados, haverá um ajuste de contas, em vida, que lembrará a eles de que ainda há amor em seu interior, de que a alma pertence ao espírito e que não perecerá. Cabe ao corrompido pelo aço decidir se realmente vale a pena continuar a se agarrar a solidez de algo duro e destruidor, ou se buscará a contemplação do seu eu para alcançar uma mente iluminada como o diamante.
          Temos o livre-arbítrio de escolher entre as duas essências de nós mesmos, mas devemos sempre lembrar que os dois lados pesarão em nossa balança e que haverá um momento em que olharemos para trás e nos veremos cercados, por atitudes bonitas, heróicas e apaixonadas ou pelas atitudes desonrosas, frias e que causaram dor a muitos.
 

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