quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Amarga Conquista

Eles vieram e tomaram tudo.
O que antes tinha luz, virou cinza na fogueira.
Assim foi a dor que nos trouxe o Extermínio.

Não houve cuidado, não houve amor conosco.
Éramos estranhos sem pátria, família ou amparo.
Como estrangeiros perdidos em terra estranha,
Mas na verdade, nativos escravos de nossa pátria.

Pior do que a dor inimaginável de cem chibatadas,
Era ver os amigos mortos e nossas famílias destruídas.
Quem me dera eu ter sido entregue aos braços de Deus ao invés de sofrer mais essa tortura.
Essa ferida que o tempo não pode curar.

Clamo desesperado, procurando em meus inimigios os amigos que eles fingiram ser.
Não havia amizade, não havia compaixão,
Havia apenas a ganância imbecil dos homens
E esse homem que veio de longe foi de todos o pior.
Pior que os inimigos milenares, por quem se nutria respeito.

deuses pagões, assassinos cruéis!
Falsos, hipócritas, ditos civilizados!
Não viram como éramos a eles superiores!
Deus! Pagai com sangue o que com sangue foi tirado!

Com uma luz forte e um projétil poderoso, nossa mais linda obra foi tombada.
Com um grito selvagem condizente, segundo eles, conosco,
Nossa mulheres foram violadas.
E ao fogo ardente nossos irmãos foram lançados, sem direito ao julgamento, a súplica ou a misericórdia.

Pedras brilhantes de nossos templos foram tirados.
Pedaços inúteis de metal, amados por esses bárbaros.
Agradecia secretamente, pois pelo menos em insanidade eu não fora superado.
E dentro de mim minha alma queimava, com a força dos meus milhares de irmãos.

Escravizado fui, mas minha lembrança não deixou a terra.
Espero que um dia, a semente que plantei possa vingar.
Pois alguns dentre vós, colonizadores, julgaram com justiça os teus desígnios e com ela os retribuírão




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